quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Agropecuária no Velho Continente - Homem do campo encontra na tecnologia um aliado

Ordenha robotizada é alternativa para evitar altos custos da mão de obra europeia na Bélgica
As vacas, quando sentem que o úbere está cheio, caminham até a máquina, que faz sozinha a retirada do leite

Luiz Patroni | Ninove (Bélgica)

Elevados custos da mão de obra comprometem a rentabilidade dos produtores europeus. A série de reportagens do Canal Rural sobre a agropecuária no Velho Continente descobriu que, na Bélgica, para contratar um trabalhador rural, o produtor precisa gastar até R$ 70 por hora de serviço. Para driblar este obstáculo, o homem do campo busca maneiras de tocar sozinho a atividade, e encontra na tecnologia um grande aliado.

No pequeno vilarejo de Ninove, a 30 quilômetros de Bruxelas, os agropecuaristas Linda e Hendrik Van den Haute mantêm uma propriedade de 90 hectares. Parte da área é destinada à agricultura, mas o foco principal é a pecuária de leite. O rebanho de corte soma 130 animais. Confinados, nunca vão para o pasto. O produtor compra bezerros de seis meses de idade, com peso médio de 200 quilos. Com dois anos, atingem até 800 quilos e estão prontos para o abate.

Para administrar o seu rebanho, os Van den Haute adquiriram uma ordenhadeira robotizada, que faz sozinha a retirada do leite. As vacas ficam soltas no salão e, quando sentem que o úbere está cheio, caminham até a máquina. Todas possuem colares que guardam pequenos chips de identificação. Na central do equipamento, estão registradas informações sobre cada animal: desde a idade e o peso, até a distância entre as tetas. Quando a vaca entra no espaço da ordenha é identificada automaticamente, e o processo de retirada do leite é iniciado. O volume produzido e o número de vezes que o animal passa pelo equipamento também são registrados.

Para implantar o sistema, Van den Haut gastou 120 mil euros, o equivalente a R$ 280 mil. Se contratasse funcionários, o produtor teria que desembolsar entre 22 e 30 euros por hora de serviço. O custo mensal de um trabalhador chegaria a até 7200 euros, valor bem maior do que a despesa anual com a manutenção do equipamento, que não passa de 4 mil euros.

– A ordenha robotizada trouxe muitos benefícios. Diante do elevado custo da mão de obra, ela gera muita economia para mim. Além disso, tenho mais flexibilidade de tempo e, de certa maneira, as vacas também – contou Van den Haut.

A modernidade e a eficiência do sistema chamaram a atenção do produtor de leite paranaense Sérgio Spinardi.

– Chama atenção, porque, na verdade, é um sistema de ordenha diferente, onde elimina bastante a mão de obra, principalmente na Bélgica, onde o valor da mão de obra é muito alto. Talvez em função disto que, no Brasil, ainda não tenha um robô, porque a mão de obra é mais barata – declarou o pecuarista.

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