quinta-feira, 10 de março de 2011

CHUVA DEIXA CIDADES ILHADAS EM MS

O governo de Mato Grosso do Sul deve decretar até amanhã (11) situação de emergência em todo o estado por causa dos estragos provocados pelas chuvas. O governador André Puccinelli anunciou que vai pleitear recursos da União para a recuperar estradas e pontes danificadas, além de enviar donativos para as famílias desabrigadas. Pelo menos 11 municípios sofrem com as cheias dos rios que cortam as cidades. Entre eles Aquidauana e Anastácio, onde nesta quinta-feira a população começou a contabilizar o tamanho das perdas. Os repórteres Luiz Patroni e Pedro Sivestre foram até a região e nos mostram o cenário no local.


É água pra todo lado. Na área central das cidades o rio Aquidauana não respeitou barreiras. Depois de ultrapassar os 10 metros, 7 acima do nível normal, avançou pelos municípios. Nas ruas o retrato da enchente. Carros deram lugar a barcos. Casas foram inundadas e abandonadas pelos moradores. De acordo com a Defesa Civil, pelo menos 64 famílias estão desabrigadas e outras 160 desalojadas. Rafael tem dificuldades para chegar em casa. Mas alguns vizinhos não tiveram a mesma sorte, e precisaram abandonar as residências.


“A maioria do pessoal perdeu bastante coisa e não teve nem tempo de tirar. A gente ainda teve tempo de erguer e depois que o tempo foi baixando, conseguimos salvar bastante coisa, porque a água sobe devagar e dá pra gente controlar né”, conta o dentista.







Depois de ficar uma semana submersa, a ponte velha foi reaberta nesta quinta-feira. O trânsito de carros, motos e pedestres foi liberado parcialmente. Antes a travessia entre Anastácio e Aquidauana só podia ser feita de barco. Nos últimos dois dias a chuva diminuiu e o nível do rio recuou cerca de 60 centímetros, mas ainda deixa marcas. Em um hotel, nas margens do Aquidauana, a água chegou ao saguão. O estabelecimento recebe aproximadamente 400 hóspedes por mês. Agora está fechado. O empresário Jorge Veiga contabiliza  os prejuízos.


“O prejuízo é considerável, porque fechou as duas pontes, ficou sem tráfego, sem entrada de mantimentos, sem entrada de combustível. Deu desespero sim. As únicas entradas e saídas da cidade são as duas pontes e com elas interditadas, fica complicado.”


Sem ter o que fazer, os funcionários aguardam e relembram os momentos de espanto. Há três meses na cidade, Sueli ficou assustada com o que viu.


“Eu nunca vi uma enchente deste jeito não. Assusta bastante, ainda mais a gente que tem que vir trabalhar a pé e tem que passar em cima dessa água toda aí, quando vê o rio já carregou pra baixo.”


No restaurante “Amarelinho”, um outro exemplo dos prejuízos provocados pela cheia. A área onde os barcos estão ancorados, na verdade é a entrada do salão onde são servidas as refeições. Tudo foi tomado pela água.


O estabelecimento fica a mais de 200 metros da margem do rio. Mesmo assim não escapou da enchente.
“Nós abastecemos de peixe, estava bem estocado de peixe, de bebida, tudo... funcionário extra que a gente coloca, tudo certinho esperando o carnaval. aí veio a chuva, veio a enchente. Mas ‘tamo’aí. É a natureza né, não podemos brigar com ela”, reflete o comerciante Rodrigo Andrea Nerilo.


Na cozinha, onde os móveis foram suspensos, os trabalhos de limpeza já começaram. Mesmo se o rio continuar baixando, será preciso pelo menos mais uma semana para poder reabrir o local.


“Tem que fazer manutenção em fogão, freezer, todas as coisas, parte elétrica, tomada que foi pra dentro da água. Então você tem que fazer todo este processo pra poder trabalhar. Você não pode chegar e já querer ir ligando as coisas pra ir trabalhar. Tem que organizar certinho.”


Dona Clara é uma das proprietárias do restaurante. Está na atividade há 50 anos. Emocionada ela afirma que nunca viveu uma situação assim.


“Chorando, eu vou falar pra você (começa a chorar). Nenhum de nós agüentamos ver isso. Olha o prejuízo que nós tomamos, não é brincadeira. Você vê esse mundo de empregado que nós temos, temos que pagá-los, eles não querem saber. São todos registrados e eles não querem saber de nada né, eles não tem culpa e nós também não temos. Então falamos pra eles, que vão ter que ter paciência, nós não temos de onde tirar, não temos nada, não temos quem ‘dar pra nós’. Então o que nós vamos fazer? Vamos limpar, batalhar e toda semana nós acertamos um pouco com vocês,” conclui a comerciante.

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Disponível em: www.canalrural.com.br
Link para vídeo: http://mediacenter.clicrbs.com.br/canal-rural-player/99/player/171103/rural-noticias-cheia-dos-rios-deixa-cidades-ilhadas-em-ms/1/index.htm

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