segunda-feira, 14 de março de 2011

QUEBRA DE SAFRA EM MS

Agricultores de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul, estão frustrados com a situação das lavouras de soja. O excesso de chuvas na região impediu a colheita. Muitos grãos apodreceram no campo, agravando o cenário de prejuízos para os produtores.

Uma mancha escura no campo. Mesmo à distância dá pra identificar o motivo da preocupação dos agricultores de São Gabriel do Oeste. Depois de enfrentar dias seguidos de chuva, que impediram o trabalho das colheitadeiras, o resultado foi este. As plantas que ainda não apodreceram, ficam mais danificadas a cada dia. Alguns grãos germinam nas vagens. Outros estão completamente estragados. Paulo Iuniseki plantou 430 hectares. Conseguiu colher apenas 100 antes do início das chuvas.

Eu devo ter uma perda de 60%, mas tenho lavoura para colher ainda. Só colhi uns 30%, então tenho 70% pra colher. E esse tempo não firmou, não está dando pra fazer a colheita, então continuamos apreensivos, já temos perdas definidas mas ainda podem vir perdas maiores. Isso também preocupa”, revela o produtor.

O agricultor não é o único a enfrentar esta situação. É fácil encontrar áreas inteiras de soja nas mesmas condições. Os prejuízos foram generalizados.

O maior problema é que não foram poucas as lavouras prejudicadas pelas chuvas. Pelo menos 60% das plantações do município foram atingidas. Com isso a estimativa de perdas é prá lá de assustadora: a produção, que deveria chegar a 330 mil toneladas, pode não ultrapassar as 138 mil toneladas.

Este cálculo pode ser alterado. Tudo vai depender das condições climáticas na região durante esta semana. Com os produtores em alerta, qualquer aparição do sol é um convite para levar as máquinas para o campo. Mas apesar da correria, reverter este quadro já não é mais possível. Esta vai ser a maior quebra da safra de soja na história de São Gabriel do Oeste.

Agricultor e Presidente do Sindicato Rural do município, Júlio Bortoloni ressalta que “esta foi a a única vez que se registrou perda real por questões climáticas na região de São Gabriel do Oeste” e completa: “a nossa situação é de desânimo total.Tem muito agricultor que não está nem saindo de casa, nem quer mais ir ver o que sobrou no campo. O desespero é muito grande.”

A confirmação dos prejuízos tirou o sono do agricultor Cláudio Balzan. Ele ampliou os gastos com a lavoura de 2600 hectares. Investiu mais de 2milhões e 800mil Reais para elevar a produtividade da plantação para 65 sacas por hectare. U investimento praticamente em vão. A sensação de perda e o nervosismo do produtor refletem o sentimento da maioria dos sojicultores da região.

Rapaz, olha só a situação. Olha aqui, estou tremendo. Dá muito nervoso. Você não chora porque é difícil, é muito triste. Está muito complicado. nunca a gente passou por uma situação desta”, finaliza o agricultor.

Com a quebra confirmada, os prejuízos para a economia de São Gabriel do Oeste podem passar dos 100 milhões de Reais. O montante equivale a duas vezes o orçamento anual do município.

Em outras regiões de Mato Grosso do Sul, os produtores também enfrentam situações semelhantes. A estimativa da Federação de Agricultura e Pecuária é de que a quebra no estado possa chegar a 30%. Os prejuízos podem passar de 1,5 bilhão de Reais.
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sexta-feira, 11 de março de 2011

ENCHENTES PROVOCAM PERDAS EM MS


As enchentes na região pantaneira de Mato Grosso do Sul provocaram perdas para pequenos e grandes produtores rurais. Em Aquidauana muitos agricultores familiares tiveram as propriedades devastadas pelas águas. Já nas áreas mais extensas, a preocupação é com o gado que ainda está isolado no meio da enchente.

Josias está ilhado. Para chegar ou sair do pequeno sítio só de barco. E é assim que ele nos mostra os estragos provocados pela cheia. A propriedade de meio hectare ainda está debaixo d’água. Pés de banana, mandioca e o canavial foram completamente alagados. Nem mesmo a caminhonete escapou da enchente. Os prejuízos foram grandes.

“Aqui é difícil ‘pegar’ água. Foi de repente. Mas esta enchente me pegou de surpresa, não deu tempo nem de tirar o carro. Eu vou ter que fazer o motor todinho. As galinhas eu guardei nos lugares mais altos. Os porquinhos, levei para a casa do meu sogro, que tem uma chácara aqui perto, onde não foi água. Perdi algumas plantações. Se não baixar as águas, vou perder o canavial também”

A propriedade de Josias fica na colônia Buriti, a menos de 10km da área urbana de Aquidauana. Para visitar a região é preciso percorrer ruas submersas e contar com a colaboração dos sitiantes que nos auxiliam com o único meio de locomoção eficiente por aqui.

Nós passamos pela única estrada de acesso à colônia, e ela está completamente alagada. A água chega a pelo menos um metro de altura. Uma situação bastante delicada para os moradores. No local existem pelo menos setenta pequenas propriedades e a estimativa de quem mora na região é de que pelo menos cinquenta foram diretamente atingidas pela cheia.









Algumas casas tiveram que ser abandonadas. Em outras o retrato da destruição. Em uma outra propriedade, chega a ser difícil imaginar que há alguns dias tudo era pasto. Não sobrou nada. Mas a enchente não atingiu apenas áreas baixas. A água também chegou a lugares mais altos. Nosso guia perdeu a plantação de mandioca e relembra os momentos de desespero na vizinhança.

“Tive que ir às pressas pedir pra vizinhança das partes mais altas socorrer a gente. E a minha lavoura, o mandiocal perdi todinho. Mas algumas pessoas aí pra baixo, tiveram prejuízo muito grande”, conta o agricultor familiar Nilson Batista Falcão.

Para evitar prejuízos foi preciso correr. O pecuarista Elias Couti dos Santos conseguiu conduzir o rebanho para uma região mais elevada.

“Juntamos os amigos, pegamos barcos e fomos tirando o gado pros vizinhos. Os vizinhos deram cobertura pra gente, e um amigo nosso que tem uma área maior, falou pra levarmos pra lá. Quem tinha o arrendamento no seco, pegamos o gado e levamos para estas áreas.”

Se a situação dos pequenos produtores preocupa, a dos grandes pecuaristas de Aquidauana é ainda mais assustadora. Presidente do Sindicato Rural, Timóteo Proença tem fazendas nas regiões mais alagadas. Ele nos mostrou imagens aéreas feitas no local. Tudo está debaixo d’água. Rebanhos estão ilhados e a sobrevivência dos animais está ameaçada.

“Rapaz, é uma loucura. Te dá uma sensação de incapacidade você ver o patrimônio seu deteriorando. O seu trabalho, que foi feito com carinho, você procura selecionar o rebanho, de repente a ‘coisa’ vai água abaixo”, comenta o pecuarista.

O tamanho real do prejuízo só poderá ser calculado quando a água baixar. Mas a estimativa é de que metade dos 820 mil bovinos da região esteja em áreas alagadas ou com risco de alagamento. Já na área urbana do município o nível do rio continua recuando. Está com 9metros e 28 centímetros, ainda bem acima do normal que é de 3 metros. A cheia é considerada a pior dos últimos vinte e um anos.

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quinta-feira, 10 de março de 2011

CHUVA DEIXA CIDADES ILHADAS EM MS

O governo de Mato Grosso do Sul deve decretar até amanhã (11) situação de emergência em todo o estado por causa dos estragos provocados pelas chuvas. O governador André Puccinelli anunciou que vai pleitear recursos da União para a recuperar estradas e pontes danificadas, além de enviar donativos para as famílias desabrigadas. Pelo menos 11 municípios sofrem com as cheias dos rios que cortam as cidades. Entre eles Aquidauana e Anastácio, onde nesta quinta-feira a população começou a contabilizar o tamanho das perdas. Os repórteres Luiz Patroni e Pedro Sivestre foram até a região e nos mostram o cenário no local.


É água pra todo lado. Na área central das cidades o rio Aquidauana não respeitou barreiras. Depois de ultrapassar os 10 metros, 7 acima do nível normal, avançou pelos municípios. Nas ruas o retrato da enchente. Carros deram lugar a barcos. Casas foram inundadas e abandonadas pelos moradores. De acordo com a Defesa Civil, pelo menos 64 famílias estão desabrigadas e outras 160 desalojadas. Rafael tem dificuldades para chegar em casa. Mas alguns vizinhos não tiveram a mesma sorte, e precisaram abandonar as residências.


“A maioria do pessoal perdeu bastante coisa e não teve nem tempo de tirar. A gente ainda teve tempo de erguer e depois que o tempo foi baixando, conseguimos salvar bastante coisa, porque a água sobe devagar e dá pra gente controlar né”, conta o dentista.







Depois de ficar uma semana submersa, a ponte velha foi reaberta nesta quinta-feira. O trânsito de carros, motos e pedestres foi liberado parcialmente. Antes a travessia entre Anastácio e Aquidauana só podia ser feita de barco. Nos últimos dois dias a chuva diminuiu e o nível do rio recuou cerca de 60 centímetros, mas ainda deixa marcas. Em um hotel, nas margens do Aquidauana, a água chegou ao saguão. O estabelecimento recebe aproximadamente 400 hóspedes por mês. Agora está fechado. O empresário Jorge Veiga contabiliza  os prejuízos.


“O prejuízo é considerável, porque fechou as duas pontes, ficou sem tráfego, sem entrada de mantimentos, sem entrada de combustível. Deu desespero sim. As únicas entradas e saídas da cidade são as duas pontes e com elas interditadas, fica complicado.”


Sem ter o que fazer, os funcionários aguardam e relembram os momentos de espanto. Há três meses na cidade, Sueli ficou assustada com o que viu.


“Eu nunca vi uma enchente deste jeito não. Assusta bastante, ainda mais a gente que tem que vir trabalhar a pé e tem que passar em cima dessa água toda aí, quando vê o rio já carregou pra baixo.”


No restaurante “Amarelinho”, um outro exemplo dos prejuízos provocados pela cheia. A área onde os barcos estão ancorados, na verdade é a entrada do salão onde são servidas as refeições. Tudo foi tomado pela água.


O estabelecimento fica a mais de 200 metros da margem do rio. Mesmo assim não escapou da enchente.
“Nós abastecemos de peixe, estava bem estocado de peixe, de bebida, tudo... funcionário extra que a gente coloca, tudo certinho esperando o carnaval. aí veio a chuva, veio a enchente. Mas ‘tamo’aí. É a natureza né, não podemos brigar com ela”, reflete o comerciante Rodrigo Andrea Nerilo.


Na cozinha, onde os móveis foram suspensos, os trabalhos de limpeza já começaram. Mesmo se o rio continuar baixando, será preciso pelo menos mais uma semana para poder reabrir o local.


“Tem que fazer manutenção em fogão, freezer, todas as coisas, parte elétrica, tomada que foi pra dentro da água. Então você tem que fazer todo este processo pra poder trabalhar. Você não pode chegar e já querer ir ligando as coisas pra ir trabalhar. Tem que organizar certinho.”


Dona Clara é uma das proprietárias do restaurante. Está na atividade há 50 anos. Emocionada ela afirma que nunca viveu uma situação assim.


“Chorando, eu vou falar pra você (começa a chorar). Nenhum de nós agüentamos ver isso. Olha o prejuízo que nós tomamos, não é brincadeira. Você vê esse mundo de empregado que nós temos, temos que pagá-los, eles não querem saber. São todos registrados e eles não querem saber de nada né, eles não tem culpa e nós também não temos. Então falamos pra eles, que vão ter que ter paciência, nós não temos de onde tirar, não temos nada, não temos quem ‘dar pra nós’. Então o que nós vamos fazer? Vamos limpar, batalhar e toda semana nós acertamos um pouco com vocês,” conclui a comerciante.

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